Seminário Internacional realizando em Itajaí apresenta modelo de pesca Norueguês

postado em: Notícias | 0

Representantes do setor pesqueiro de Itajaí e região conheceram na última semana o modelo de gestão de pesca da Noruega. A apresentação ocorreu durante o Seminário Pesqueiro Internacional – Gestão Pesqueira Sustentável e a Adoção de Cotas de Captura, realizado no dia 11 de outubro, no auditório do SINDIPI. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Pesca de Santa Catarina (Sitrapesca) esteve representado pelo seu presidente, Henrique Pereira.

 A comitiva, formada por especialistas em pesca e aquicultura da Noruega, contou com a presença do Embaixador da Noruega no Brasil, Nils Martins Gunneng. Ele destacou que a pesca marcou o início da cooperação entre os dois países em 1840, quando um barco pesqueiro chegou ao Brasil com bacalhau e voltou para Noruega carregado de café. Nils agradeceu o convite do Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura, responsável pelo Seminário Internacional, e enfatizou a vocação da Noruega nos últimos anos na gestão pesqueira, por meio de um trabalho de cooperação realizado em parceria com as pesquisas, indústrias e governo, medida que vem mantendo a qualidade do estoque pesqueiro naquele país.

O Secretário Nacional da Pesca e Aquicultura também esteve presente na abertura do evento. Segundo Dayvson de Souza, a iniciativa do seminário é válida na busca de parcerias e modelos de gestão de pesca para nortear as futuras propostas que podem ser implementadas do Brasil. 

A primeira etapa da programação contou com a presença de três especialistas noruegueses. Eles apresentaram o trabalho desenvolvido gestão pesqueira nos últimos 40 anos na Noruega. Um modelo de pesquisa promovida com recursos do governo, levantamento de dados, fechamento de zonas de pesca, fim do subsídio para os pescadores, redução no número de pescadores, investimento em tecnologia de frota e intervenção de pesquisadores. A missão dos profissionais é orientar as entidades e governo por meio da ciência e dos dados de monitoramento e pesquisa, usados para a estipulação de cotas de captura na no país.

Durante a palestra, a doutora da Universidade do Ártico da Noruega, Nina Mikkelsen, falou sobre a necessidade da produção de conhecimento para o setor pesqueiro. “A importância do conhecimento é o futuro e a sustentabilidade. Se nós quisermos que a próxima geração consiga pescar, nós não podemos esvaziar os oceanos, nós precisamos pescar de forma sustentável”. Para garantir esta sustentabilidade uma das alternativas foi identificar os locais onde estavam os peixes jovens, áreas que foram marcadas e nestes locais a captura foi proibida. Outra medida foi o investimento na tecnologia das embarcações para aumentar a seleção do barco, para pescar somente as espécies necessárias e tentar evitar a pesca de peixes jovens.  A Noruega chegou a contar com 100 mil pescadores, hoje o número é de cerca de 10 mil profissionais e para ingressar na atividade na Noruega é necessário comprar o direito de pesca.

Problemas na pesca do atum

O professor e Doutor em Recursos Pesqueiros e Aquicultura da UFRPE e da Pós-graduação em Oceanografia na UFPE, Fabio Hazin abordou um problema atual que a pesca brasileira passa com o atum. Hazin fez um alerta aos armadores e empresários da indústria de uma possível suspensão do direito de exportação de atum por causa da falta do cumprimento das recomendações da Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT), como, por exemplo, a apresentação de relatórios anuais com dados de captura. Nos últimos três anos nenhum relatório foi encaminhando. Fábio Hazin destacou ainda que além das penalidades que podem ser aplicadas pelo ICCAT, o Brasil corre o risco de sofrer sanções junto à União Européia. Neste caso, o país deixaria de exportar qualquer tipo de pescado, salvo os oriundos da aquicultura.

O seminário internacional contou ainda com a participação do Presidente do CeDePesca, que apresentou aos convidados as experiências internacionais na gestão pesqueira por cotas na América Latina e o consultor da Oceana Brasil Martin Dias, responsável pela palestra intitulada "Importância das cotas de captura na gestão da pesca: a experiência nos EUA".

(Colaborou: Juliana Soares / Multimídia Assessoria)