A reunião sobre os critérios para a pesca na próxima safra de tainha realizada no final do mês de novembro foi desanimadora. A avaliação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Pesca de Santa Catarina (Sitrapesca) Henrique Pereira, que participou do encontro e defendeu um sistema de cotas para a captura do peixe no ano que vem.
“Eles querem reduzir 20% da pesca da tainha ao ano, isso vai acabar com a pesca industrial da tainha em cinco anos e isso não tem cabimento. Também não aceitamos esse sistema de sorteio. Defendemos que seja estabelecida uma cota máxima, mas a pesca precisa ser liberada, para que todos tenham oportunidade”, afirma.
Em 2017, além de começar com um mês de atraso, a pesca da tainha foi liberada para apenas 17 embarcações de todo o país que foram definidas através de sorteio. Outros 28 barcos conseguiram uma liminar na justiça, que acabou cancelada pelo judiciário um mês depois.
Além do representante do Sitrapesca, também defenderam o sistema de cotas para a safra de tainha de 2018 representantes do Sindipi, da ONG Oceana, de colônias de pescadores e de outros sindicatos da categoria.
Setor abandonado
Fato marcante que chamou a atenção do presidente do Sitrapesca foi o completo abandono do setor. Depois de passar pelo Ministério da Agricultura e Meio Ambiente (MAPA) e pelo Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços (Mdic), hoje a secretaria nacional da pesca está à cargo do gabinete do presidente da república, Michel Temer (PMDB). No entanto, a sala onde efetivamente deveria funcionar o atendimento ao setor, no prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), não tem nem computador e nem telefone.
“Um completo descaso, absurdo. Os próprios servidores desabafaram conosco que eles não têm a mínima condição de trabalhar”, afirma Pereira.
No final do próximo mês deve acontecer uma nova reunião em Brasília sobre a pesca da tainha. Mas a definição sobre a quantidade de barcos que poderá capturar a espécie em 2018 só deve ocorrer em fevereiro.