A safra da sardinha começou com um verdadeiro balde de água fria nos pescadores profissionais de Santa Catarina. A categoria, que esperava reajustar o preço do pescado em mais de 80% para compensar os aumentos do óleo diesel e dos insumos, vai amargar mais um semestre com preço praticamente igual ao ano anterior. Com o aumento fechado no final da última semana entre pescadores, armadores e indústria, a sardinha verdadeira capturada em barco de salmora será vendida a R$ 1,90 o quilo e a R$ 1,70 o quilo do peixe capturado e transportado em barco a gelo.
“Se os R$ 3,50 que estávamos pedindo era um absurdo, os três centavos de aumento é simplesmente vergonhoso”, desabafou o presidente do Sindicado dos Trabalhadores das Indústrias de Pesca de Santa Catarina (Sitrapesca) Henrique Pereira.
De acordo com Pereira, a saída de barcos antes do fim das negociações de preço inviabilizou completamente a mobilização da categoria para uma possível greve. “Foi uma rasteira não apenas no Sindicato, mas em todos os pescadores”, lamenta.
O acordo que fechou o preço da sardinha foi assinado pelo presidente do Sitrapesca, por representantes da Câmara Setorial do Cerco do Sindipi, de três indústrias conserveiras e de sindicatos de armadores de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo Pereira, apenas nos três primeiros dias de pesca já foram capturadas mais de duas mil toneladas de sardinha. “O valor repassado aos trabalhadores é vergonhoso, mas não posso deixar o pescador ir pra fora sem a garantia do preço mínimo. Trabalhei mais de 43 anos no mar, conheço bem o que é essa agonia”, frisou o presidente do Sitrapesca, Henrique Pereira. Os valores acordados valem para o primeiro semestre. Depois disso, as negociações devem voltar a acontecer.